Sem desporto, casas de apostas acumulam prejuízos

Sem desporto, casas de apostas acumulam prejuízos

O regresso da I Liga pode trazer uma lufada de ar fresco às casas de apostas que viveram tempos difíceis com a pandemia provocada pelo coronavírus.

Quando confrontadas com o cancelamento ou adiamento generalizado dos eventos desportivos, base para o modelo de negócio das apostas desportivas, as casas de apostas enfrentaram um período difícil que não se sabe quando terminará.

É certo que o possível regresso da I Liga Portuguesa no final de maio e de outros campeonatos europeus de futebol para finalizar a temporada 2019/2020, poderá ajudar a recuperar alguma faturação. Todavia nunca se chegarão aos valores habituais, se não enfrentássemos um cenário pandémico a nível mundial.

A Associação Portuguesa de Apostas e Jogos Online (APAJO) classifica mesmo como “drástico” o impacto provocado pela paragem a nível mundial das competições desportivas, bem como o adiamento do Europeu para 2021.

De acordo com Gabino Oliveira, presidente da associação, os associados registaram no mês de março perdas na ordem dos 70% a 75% e, em abril, as perdas foram praticamente totais.

A conclusão para tal é compreensível: sem as principais competições, são menos os que decidem continuar a apostar. Além disso, entre despedimentos, situações de lay off e pais que ficam em casa para tomar conta dos filhos que ficaram sem escola ou creches, o rendimento dos portugueses tem sido mais reduzido desde meados de março.

 

Ligas da Bielorrússia e Nicarágua não param

As mudanças impostas pela crise pandémica, obrigaram as casas de apostas a tentarem sobreviver a todo o custo. Para tal, foi solicitada ao SRIJ – Serviço de Regulação Inspeção de Jogos a abertura do mercado português a outros desportos ou campeonatos, nomeadamente aos combates de Ultimate Fighting Championship (UFC), mas não só.

Há campeonatos de futebol que optaram por continuar, devido aos números baixos tanto de infetados como de mortos por COVID-19. É o caso dos campeonatos da Bielorrússia (87º ranking FIFA) e da Nicarágua (151º ranking FIFA). Esta foi, então, uma forma de as casas de apostas a operar em Portugal conseguirem manter alguma atividade enquanto o setor não retoma a normalidade.

Longe estariam os apostadores regulares de imaginar que isto acabaria por ser uma alternativa. Mas o contexto atual assim o obrigou. Para tal, começam, igualmente, a surgir cada vez mais informações úteis sobre estes campeonatos em fóruns, visto que estas ligas eram praticamente desconhecidas por parte do público português.

 

Apostas em eSports continuam por regularizar

A ausência dos campeonatos desportivos levou a que alguns países mudassem as regras do jogo. Assim, nas casas de apostas da Roménia e da Grécia, por exemplo, é agora possível apostar em eSports e desportos virtuais.

No mercado português continua a ser ilegal este tipo de apostas, naquela que poderia ser uma forma de minimizar, ainda que parcialmente, a perda de receitas nas apostas desportivas.

O SRIJ entende a posição das casas de apostas e reconhece que é necessária uma alteração legislativa para abrir essa porta dos jogos eletrónicos, mas a verdade é que ainda nenhum passo foi dado nesse sentido.